ÓLEO LUBRIFICANTE
QUAL ÓLEO DEVO USAR: MINERAL, SEMISSINTÉTICO OU SINTÉTICO?
por Www.valvoline.com.br
As várias respostas existentes para a pergunta acima causaram a Guerra Mundial dos Mecânicos. É uma guerra antiga, e até hoje aparecem conflitos esporádicos quando o assunto é levantado. Blogs, fóruns, grupos de WhatsApp e oficinas mecânicas são os palcos de discussões entre vendedores, pilotos, mecânicos e curiosos, culminando lamentavelmente no rompimento de amizades e bloqueio de contatos. Não é uma cena bonita, caro leitor, e você não quer ser surpreendido no meio desse fogo cruzado.
Lubrificantes são um desafio desde a época da máquina a vapor. Assim como as máquinas eram novidade, a tecnologia de lubrificação também era pouco desenvolvida, e bem precária. Depois de sofrer um tanto com ouso de óleos vegetais e/ou animais, a indústria foi revolucionada em meados de1860 por um Dr. John Ellis, médico, que pesquisava propriedades medicinais no petróleo. Frustrado por não encontrar, foi consolado ao descobrir, porém, que a substância apresentava ótimas propriedades lubrificantes, resistente a altas temperaturas e pressões. E foi motivado por essas descobertas que abandonou a medicina e fundou a "Continuous Oil Refining Company", que viria a se tornar a Valvoline, focando na aplicação do óleo lubrificante de petróleo para motores a combustão. Essa aplicação ajudou em muito o crescimento da indústria automotiva.
O petróleo não é utilizado, bruto, diretamente como lubrificante de motores. Ele passa por um processo de destilação, chamado de destilação fracionada, que dá origem à gasolina, ao piche, ao diesel, e ao óleo lubrificante. Este, antes de ser envasado, recebe um pacote de aditivos, que determinam a viscosidade do óleo, e que dão a ele capacidades detergentes, redutoras de desgaste, antioxidantes, etc. E nasce o óleo mineral.
O óleo sintético tem uma origem um pouco diferente. Mais "nobre", sua base é o etileno, que também vem do petróleo, porém por um processo de refino mais complexo. Depois, ainda passa por processos em laboratório para retirada de impurezas e adição de outros químicos, também com os objetivos de estabelecer viscosidade, detergência, redução de atrito, antioxidação, redução na produção de vapores quando há o aquecimento, etc. O resultado é um lubrificante consideravelmente mais estável, com maior capacidade de cumprir suas funções no motor, suportando situações de extremas.
E o óleo semissintético emprega ambas as bases (mineral e sintética) em proporções similares, adicionados de aditivos como os já mencionados acima. Também muito competente, por um preço mais acessível.
Devido às diferenças na produção dos óleos, principalmente na extração e elaboração de suas bases, existe grande diferença molecular, e consequentemente, de qualidade, entre os três tipos de óleo. As moléculas do óleo mineral ainda possuem semelhança com as de sua matéria prima, o petróleo, que é formado por diversos compostos orgânicos, ocasionando uma grande variedade de tamanhos nas mesmas. Já o óleo sintético, cuja base é produzida em um processo mais elaborado e controlado, apresenta formulação mais pura, e moléculas praticamente idênticas em tamanho.
Do mineral, para o semissintético e sintético, temos vantagens e desvantagens, a serem consideradas a seguir:
Mineral: devido à produção mais simples, é o óleo de menor preço.
Semissintético: em razão da presença da base sintética, tem maior sucesso em suas funções, oferecendo uma lubrificação mais efetiva, maior limpeza do motor, melhor troca de calor e resfriamento dos componentes, culminando em uma maior duração e vida útil do motor. Excelente relação “custo X benefício”, principalmente em motos de uso considerado doméstico ou de estrada, sem que seja frequentemente exposta a condições extremas.
Sintético: processo mais moderno de formulação, com presença apenas da base sintética e aditivos, visando o ápice do desempenho em todas as funções que o óleo deve cumprir. Possui uma viscosidade mais estável, que varia menos perante a oscilação de temperatura quando comparado aos anteriores. Tem um custo mais elevado, sendo mais comum o uso em motos de alta cilindrada e/ou uso mais esportivo.
Apesar, então, de claras diferenças entre as competências de cada formulação, todas têm se beneficiado na evolução das tecnologias de produção e fabricação.
Abaixo, algumas questões comuns entre os pilotos, e nossas respostas para elas.
Posso misturar óleo mineral com sintético?
Desde que sejam de um mesmo fabricante, pode. O pacote de aditivos que um fabricante usa tem a mesma natureza química no mineral, semissintético e sintético. No entanto, não existe nenhuma vantagem nessa mistura, que resultará em uma variação nas dimensões e variedades de moléculas, semelhante ao que é o óleo mineral sozinho, no entanto, mais cara. Já a mistura de óleos de diferentes fabricantes nunca deve ocorrer, ainda que sejam ambos minerais, semissintéticos ou sintéticos.
É verdade que o óleo sintético não baixa nível?
Não. Entretanto, ele tem uma redução bem mais lenta. É importante lembrar que todos os motores (novos ou rodados) baixam nível de óleo, seja ele mineral, semissintético ou sintético. Isso ocorre pela queima da pequena camada de óleo que fica na parede do cilindro no momento da queima, e pelos vapores gerados no aquecimento do motor. A base sintética, por ter sua fórmula mais estável, tem menor geração de vapores, ocasionando em menos perda e menos poluição quando comparada à mineral.
O óleo sintético é mais fino que o mineral?
Não. Independentemente da base do óleo, sua viscosidade de trabalho será definida por seu padrão SAE (explicado em outra de nossas publicações). Porém, a oscilação da viscosidade (viscosidade em temperatura ambiente X viscosidade em temperatura de trabalho) no sintético é menor, fazendo com que eles pareçam diferentes quando frios, mesmo que tenham o mesmo índice de viscosidade.
Posso usar óleo semissintético ou sintético em uma moto cujo fabricante recomenda óleo mineral?
Sim. Desde que as especificações de viscosidade, API e JASO sejam mantidas e respeitadas. É necessário também trocar o filtro de óleo, para que não haja contaminação do óleo novo pelo velho. Ainda que a recomendação do fabricante envolva o óleo mineral, os óleos semissintéticos e sintéticos cumprem todas as funções do mineral, inclusive com maior competência. O inverso (uso de mineral em uma moto cujo fabricante exige semissintético) é que não é recomendado de forma alguma.
É prudente que, ao fazer a transição, a troca seguinte de óleo e filtro ocorra em um período mais reduzido. Graças à maior detergência dos óleos semissintético e sintético, é provável que eles se tornem saturados rapidamente, por dispersar gomas e graxas antigas que estavam no motor, que o óleo mineral não conseguia. Ao deixar o motor mais limpo, o óleo ficará mais sujo na primeira e, talvez, segunda trocas. Após essa “lavagem”, a quilometragem de troca pode voltar ao normal.
Posso usar óleos semissintéticos ou sintéticos em motores mais antigos?
Sim. Novamente, devem ser respeitadas as especificações do óleo original, e reduzir a quilometragem entre as primeiras trocas, devido ao excesso de sujeira que provavelmente irá se desprender do motor no óleo novo. Como o óleo sintético é mais moderno, atende a todas as exigências que os motores tinham na época, e até mais, não havendo contra indicação nesse sentido.